Como o movimento Black Lives Matter influenciou a moda

O impacto do movimento Black Lives Matter na indústria da moda

A indústria da moda tem sido um universo de expressão cultural e política desde a sua concepção. Através das décadas, várias tendências e estilos se tornaram símbolos de movimentos sociais, transformações culturais e questões políticas. Nesse contexto, não é surpresa que o movimento Black Lives Matter (BLM), que emergiu em 2013 como uma chamada para a justiça racial, tenha deixado suas marcas também na moda.

O BLM surgiu após o assassinato de Trayvon Martin nos Estados Unidos, um adolescente negro desarmado que foi morto por George Zimmerman, um vigilante de bairro. Desde então, o movimento tem protestado contra a violência sistêmica sofrida pelos negros e outras minorias raciais. O alcance global do movimento foi consolidado em 2020 após o assassinato de George Floyd por um policial branco. As imagens chocantes desse brutal caso de violência policial desencadearam uma série de protestos ao redor do mundo.

Na moda, o BLM teve um impacto notável em vários aspectos. Primeiramente, impulsionou a popularização de roupas com mensagens políticas e sociais. Uma dessas peças é a camiseta preta com a frase “I Can’t Breathe” (Eu não consigo respirar), as últimas palavras ditas por Eric Garner e George Floyd antes de serem mortos pela polícia. Outras peças com slogans como “Black Lives Matter” ou “No Justice No Peace” (Sem justiça não há paz) também ganharam destaque em protestos e desfiles de moda.

A segunda influência do BLM na moda está relacionada ao questionamento das práticas de inclusão racial na indústria. O movimento fez com que muitas marcas refletissem sobre a diversidade racial em seus quadros de funcionários, campanhas publicitárias e desfiles. Empresas como Gucci, Prada e H&M enfrentaram grandes controvérsias por lançarem produtos considerados racistas. Em resposta a esses incidentes e às pressões do BLM, algumas dessas marcas se comprometeram a aumentar a representatividade negra em suas equipes e criações.

Outro impacto significativo é o reconhecimento e valorização de estilistas negros no universo da alta costura. Durante muito tempo, a moda foi dominada por criadores brancos europeus ou americanos. No entanto, o BLM tem contribuído para dar visibilidade a designers negros talentosos como Virgil Abloh, Olivier Rousteing e Kerby Jean-Raymond.

Além disso, o BLM também promoveu uma maior apreciação e respeito pelas culturas africanas na moda. Antes do movimento, era comum ver empresas ocidentais usando elementos da cultura africana sem dar o devido crédito ou recompensa às comunidades originais. No entanto, após as críticas do BLM sobre essas práticas de apropriação cultural, muitos designers começaram a reconhecer explicitamente as inspirações africanas em suas coleções.

Em suma, o movimento Black Lives Matter trouxe mudanças profundas para a indústria da moda. Ele ampliou o espaço para expressões políticas através das roupas, desafiou as práticas racistas nas empresas de moda, promoveu a inclusão racial na alta costura e incentivou o respeito pelas culturas africanas. Embora ainda haja muito trabalho a ser feito para alcançar a justiça racial na moda, o BLM já deixou um legado inegável nesse campo.


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